Definição: A linha de pesquisa “Recepção da literatura greco-latina” abrigará projetos de estudos centrados nos seguintes tópicos: 1) recepção da literatura greco-latina no âmbito da própria Antiguidade; 2) recepção da literatura greco-latina no imaginário cultural pós-Antiguidade, em suas diversas linguagens; 3) teorias da recepção-tradução da literatura greco-latina.

Justificativa: Originado dos estudos de estética e usado a partir da segunda metade do século XX para substituir palavras como “imitação”, “permanência”, “tradição”, “herança”, “influência”, “apropriação” etc, o termo “recepção” recebeu o qualificativo “dos clássicos” para definir a área do conhecimento que se dedica à investigação dos processos de seleção, representação ou adaptação de obras da Antiguidade greco-romana em diferentes épocas ou contextos. O corpus antigo é, portanto, estudado no percurso de sua transmissão, tal como foi recortado, reescrito, traduzido, representado e (re)imaginado, segundo as circunstâncias do momento histórico em que essa (re)leitura se deu. Assim como o artista que revisita a Antiguidade deve fazê-lo de forma consciente e deliberada, assim também seu leitor deve ser portador do conhecimento necessário para que o diálogo (em que o receptor-produtor é um intermediário entre o antigo e sua própria época) se estabeleça do modo mais amplo possível, gerando, por sua vez, outras leituras, que formam um jogo de espelhos em que a referência clássica se reflete como em um caleidoscópio, de forma múltipla e multiplicada, mas sempre reconhecível. Uma vez que estão necessariamente envolvidos o campo dos Estudos Clássicos propriamente ditos, simultaneamente às teorias relativas à área de chegada da recepção (o suporte em que a recepção se dá e que, em nossos dias, pode abarcar produções como cinema ou histórias em quadrinhos), e uma vez que os Estudos de Recepção forçosamente abraçam o empréstimo, a intertextualidade, diferentes teorizações e conhecimento de diversas épocas etc, a Recepção da Literatura Greco-Latina prima, essencialmente, pela interdisciplinaridade. Da mesma forma, o estudo da recepção estabelece necessariamente a ponte entre “nós” e os “antigos”, recuperando sua qualidade de “clássico”, ou seja, de um texto sempre vivo, que sempre tem algo que dizer. Forma-se, assim, novo e maior público para a leitura dos clássicos da Antiguidade, mostrados em toda a sua capacidade de geração de outros conteúdos, nas mais diferentes épocas e culturas, em todos os suportes artísticos, da literatura aos games, das traduções à propaganda e à moda.