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Início: 01/03/2018

Discute-se a tessitura poética da Ilíada por meio de um exame das relações entre o que se pode denominar de "poética visual" do poema e o caráter em aberto de alguns de seus discursos longos (muthoi), sobretudo os de Aquiles. A questão central a ser investigada é até que ponto a narrativa épica propõe ou estimula que seus receptores se comportem apenas espectadores passivos. Assim, há complementaridade, contraponto ou outro tipo de relação entre a ênfase na fragilidade da vida humana que perpassa o poema e é desenvolvida em diversos discursos e algo que se pode definir, em uma primeira aproximação, como uma estetização da violência, que sobressai na narração das cenas de batalha? Como entender, nesse sentido, que o objetivo principal da performance de um canto hexamétrico, tantas vezes afirmado nos próprios poemas, seja produzir deleite (terpein)? Dependendo de como se conceitualizar esse deleite, a opacidade última de alguns discursos, mesmo (ou talvez sobretudo) os mais brilhantes (como a resposta dada por Aquiles a Odisseu no canto nove), talvez seja própria de um canto produzido apenas para ser ouvido passivamente e não para servir de matéria de reflexão e indagação, uma postura cognitiva que, para muitos críticos, iria contra o fluxo contínuo próprio de uma performance épica. De fato, os discursos aos quais me refiro tendem a revelar suas fissuras argumentativas apenas quando contrapostos a outros instantes do poema ou a elementos da tradição.